Fui criado em uma época em que pouco se discutia política e como sempre fui patrulheiro de rua não tinha tempo de pesquisar o que fazia um político. Atualmente, com as redes sociais, ficou mais acessível acompanhar e fiscalizar um vereador ou um deputado. Mas até hoje muitos amigos me questionam: “O que faz um deputado?” - e não existe demérito nisso, eu mesmo fui descobrir na prática.
Quando fui eleito vereador enfrentei uma situação complicada da cidade de São Paulo, fui oposição ao governo do prefeito Fernando Haddad. Mas fui descobrindo aos poucos como era este trabalho e apresentei 61 projetos de lei, que resultaram em 9 leis municipais, além de 9 decretos legislativos e 8 resoluções aprovadas. Participei de 5 comissões, sendo proponente da criação da Comissão de Segurança Urbana, da qual fui presidente. Tudo isso ocorreu na prática, descobrindo que um vereador propunha melhorias para a cidade e fiscalizava o poder executivo, ou seja, o prefeito.
Depois vieram 8 anos de mandato de deputado estadual. Foi outra fase complicada, pois eu estava novamente entre a minoria, como resistência das imposições dos governadores Geraldo Alckmin e João Doria na ALESP. Tivemos conquistas importantes, como 111 projetos de lei resultarem em 36 leis, 3 leis complementares, 6 emendas à constituição estadual e 1 resolução aprovada. Além de fiscalizar o executivo - criamos o grupo PDO (Parlamentares em Defesa do Orçamento) para fiscalizar os desmandos do Doria durante a pandemia e ajudamos o Estado a economizar milhões de reais - coloquei em prática outras funções de um deputado: destinei emendas parlamentares para cidades e entidades; atendi demandas de cidadãos; fiz discursos em plenário em nome dos meus eleitores; debati temas importantes nas comissões e participei de inúmeros eventos e reuniões.
Atualmente, desde 8 de fevereiro de 2023, exerço o mandato de deputado federal, novamente na oposição, sendo a resistência no Congresso ao desgoverno do presidente Lula, como vice-líder da minoria. Com a experiência de vereador e de deputado estadual eu acreditei que já saberia responder à questão “do que faz um deputado”, mas não é tão fácil, vi que na Câmara dos Deputados a missão podia ser mais complicada, mais enrolado aprovar um projeto, mais difícil conseguir se escrever para discursar (afinal, são 513 deputados) e percebi como a distância de Brasília atrapalha o contato com o eleitorado. Mesmo assim tivemos resultados interessantes para o primeiro ano, em 2023, participei de 289 votações em plenário, em que fiz 41 discursos. Apresentei 328 propostas, destas22 projetos de lei. Fui relator de 6 proposituras, estive em 173 Frentes Parlamentares - destacando a coordenação da Frente pela Defesa e Valorização dos Profissionais de Segurança Pública e da Segurança Privada. Participei ainda da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional e da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.
Algo, entretanto, esteve presente em todos os meus mandatos. Muita cobrança. E eu gosto disso, pois muitos procuram meu mandato com cobranças e acabam nos dando ideias, nos ajudando, e acabam - muitas vezes - virando nossos amigos - meus e de meus assessores. Em outros casos é a minha chance de explicar justamente a pergunta que fiz no título deste artigo: “O que faz um deputado!”. E uma boa chance foi na pergunta que mais recebo: Por que você não dá aumento salarial? Quando eu era vereador os guarda municipais me procuravam com esta demanda. Depois, como deputado estadual, recebia policiais militares e civis com este questionamento. E, agora, como deputado federal, o questionamento vem das forças armadas e de policiais federais. E a explicação: Reposição salarial cabe só ao poder executivo, ou seja, ao prefeito, ao governador e ao presidente. Mas e o deputado? Cobra! E eu sempre cobrei. Cobrava o Haddad, cobrei o Alckmin e o Doria e vou sempre cobrar atitude do Lula. O deputado está lá para isso, incomodar, e buscar melhorias, dentre elas, a salarial.
Coronel Telhada